sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Bosque

 Prólogo

Então lá estava eu, a luz descia em feixes por entre os galhos e folhas das árvores do bosque, formando um jogo verde de luz e sombra. O ar era quente e fresco e o silêncio era quebrado somente pelo farfalhar das folhas ao vento e pelo distante canto de um pássaro. Toda a minha volta parecia vibrar vida em seu ápice, era quase como se eu pudesse sentir as árvores crescendo.

Não percebi quando ela chegou, mas quando dei por mim lá estava ela, sorrindo para mim. Sua pele alva refletia a luz do sol que adentrava o bosque na pequena clareira onde ela se encontrava. A clareira era coberta de grama verde e circundada por baixos arbustos e cachos de trepadeiras que desciam das árvores ao redor. Os cabelos dela brilhavam acobreados sobre o sol e caiam em leves ondas sobre os seus ombros. Ela abriu um sorriso e eu pensei que fosse me desfalecer naquele instante. Ela riu coma minha expressão abobada e sua risada se confundiu com o farfalhar das folhas, era uma risada graciosa e afinada, mas forte, quase selvagem e apaixonante.

Ela girou em seus calcanhares e correu para fora da pequena clareira bosque adentro, deixando-me atônito sem sua presença. Fiquei ali, olhando para o local onde ela se encontrava sem conseguir assimilar o tempo que se passara, poderia ser um minuto ou uma hora, eu não saberia dizer. Talvez o tempo não existisse ali. Depois, desperto pelo som de um galho se quebrando sobre meu pé, eu corri a procura dela. Só então percebi que estava descalço. Meus pés tocavam a grama fresca e a terra macia. Eu a procurava olhando os arredores, tudo que eu via era o bosque verde.

Ouvi novamente sua risada e então lá estava ela, escorada em uma árvore a alguns metros de mim, eu tentei me aproximar, mas então ela voltou a correr por entre as árvores, seus cabelos esvoaçaram em seu encalço, quase flamejante, era a visão mais linda que eu já vira. Ela também estava descalça.

Saí desabalado correndo atrás dela, e permanecemos naquela brincadeira de “pega-pega” por um tempo que eu também não conseguia distinguir. Então finalmente eu a peguei, segurei-a comigo ali, uma das minhas mãos segurando seu braço e a outra em torno de sua cintura. Seus olhos eram lindos, da cor de mel mais pura e brilhante que eu já vira.

Ela sorriu, docemente para mim, e o tempo pareceu definitivamente parar. As folhas que caiam, pairaram mais lentamente no ar, e eu me aproximei para beijá-la. Ela soltou mias uma de suas risadas, apaixonante, e se desfez, lentamente, transformando-se em pequenas pétalas de flor brancas, que se espalharam pelo bosque carregadas pelo vento, depositando-se lentamente sobre a grama, deixando-me ali, sozinho, somente eu e o bosque. 




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