terça-feira, 23 de agosto de 2011

Por falta do Efeito e Desistencia da Causa

Para o fim de todos os efeitos
As causas já não existem mais,
Agora mover-se é um defeito,
Mas isso não me assusta mais.

A decisão foi tomada
De forma definitiva e absoluta.
A partir daí nada mais se move,
Só há estruturas, torpes e resolutas.

Por falta da causa
O efeito se partiu,
O que restou foi a culpa,
Culpa de quem desistiu.

Desistiram, e por pior, sem motivo,
Dando azo ao acaso dos tempos.
Não deram importância a aqueles que lutavam,
Não relutaram em debandar. Só poeira ao vento.

E por mais que o efeito,
Pela causa se refaça,
Ainda não haverá causa
Que lhe sustente além da farsa.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Não diga a Ninguém

Não diga a ninguém que eu te contei,
Mas o mundo está prestes a acabar.
Não diga a ninguém que te contei,
Mas o mundo não foi feito para durar.

Isso não saiu da minha boca,
Mas nós já estamos todos mortos.
Isso não saiu da minha boca,
Braços, pernas e caminhos tortos.

Não diga a ninguém que eu te contei,
Mas não há mais razão para lutar.
Não diga a ninguém que te contei,
Mas será só mais uma chance para falar.

Isso não saiu da minha boca,
Porque boca não tenho para falar.
Isso não saiu da minha boca,
Já que a morte nada pode contar.

Não diga a ninguém que te contei,
Mas a morte está aqui para te buscar.
Não diga a ninguém que te contei,
Mas, afinal, não terá chance de falar.




domingo, 21 de agosto de 2011

Estação

Massas correm pelos corredores de pedra
Clap, clap, clap
Fazem os sapatos apressados

Sem nenhuma expressão em face
Percorrem correndo, o corredor, a rua
A vida

Partem em busca daquilo que precisam
Sem olhar para trás
Sem conseguir resultado

Matam e morrem
Acotovelam e empurram
Sem nem pensar, sem parar

Chegam ao fim do corredor
Velhos e cansados
Sem ao menos ter alcançado o trem da vitória.

sábado, 20 de agosto de 2011

Desvida

A estranha sensação
De não viver por mim mesmo
Dispara a proporção
De não lutar, só a esmo

A mim, há tempos, já não pertenço mais
Nem hoje, nem ontem,
Nem a muitos sóis atrás.

Vago por entre engrenagens
Já não sei onde parar
Engrenagem, fina e fraca
Que não sabe mais girar

E nessa vida na qual desvivo
Procigo pensando ao vento
Por que eu realmente existo?

Por horas fiquei e ficarei parado
Engrenagem morta que só faz enferrujar
Por horas fiquei e ficarei sozinho
Esperando o momento de desmoronar.

domingo, 7 de agosto de 2011

Burrando

Desde que não tenha consigo
A estranha capacidade de pensar,
Poderás entrar comigo
No estranho mundo do burrar.

Burramos no mundo do burrar
Pelo simples fato alheio,
De que ninguém lá sabe pensar,
Só sabem comer, dormir, dormir... Sem freio.

Neste mundo do burrar
Pensar é terminantemente proibido,
Todos fazem o que querem,
Talvez alguém saia ferido.

Burrar é divertido,
A responsabilidade não nos encaminha.
Acabamos fazendo algo errado,
Mas aquele mundo já está perdido.

Os burros do mundo do burrar
Não querem e não sabem como pensar,
Pensar seria a sua libertação
E libertação responsabilidades lhes implicaria.

Responsabilidades? Isso eles não querem por lá.